A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais presente em decisões corporativas que impactam crédito, investimentos, recrutamento e atendimento ao cliente. Essa expansão traz oportunidades, mas também uma responsabilidade imensa. Para Marileusa Cortez, Data Governance Manager na Keyrus, a ética em IA deixou de ser acessório para se tornar pilar fundamental de continuidade, confiança e reputação corporativa.
Ética em IA: fundamento para continuidade e reputação
Segundo Marileusa, empresas que ainda tratam a ética em IA como tema secundário correm riscos estratégicos e reputacionais significativos. A inovação evolui em ritmo acelerado, porém muitas organizações ainda avançam sem uma base ética sólida.
Ela destaca situações frequentes no mercado:
Modelos de IA lançados sem validação de viés, explicabilidade ou qualidade dos dados;
Projetos conduzidos sem envolvimento de jurídico, compliance, ESG e áreas de negócio;
Falta de inventário e governança sobre algoritmos já em uso.
A ausência de governança expõe organizações a riscos legais, sociais e reputacionais. Não significa limitar a inovação, e sim sustentá-la com confiança, transparência e responsabilidade.
Riscos éticos da IA sem governança
Sem princípios e processos estruturados, a IA pode gerar:
Reforço de desigualdades e discriminação;
Perda de confiança e críticas públicas;
Decisões automatizadas sem supervisão humana;
Violação de privacidade e uso inadequado de dados sensíveis.
Esses impactos podem resultar em crises, multas, ações judiciais e danos de imagem. A questão não é se haverá incidentes envolvendo IA, mas quando e o quanto a organização estará preparada para responder.
Ética como vantagem competitiva
Para Marileusa, ética e inovação caminham juntas. Empresas que tratam a ética como estratégia e não como barreira obtêm benefícios concretos:
Produtos mais inclusivos e transparentes;
Processos robustos com menos retrabalho e crises;
Confiança reforçada junto a clientes, investidores e sociedade;
Atração de talentos que valorizam responsabilidade e propósito.
Confiança se torna ativo competitivo em um contexto em que algoritmos influenciam decisões críticas como crédito, recrutamento e atendimento. Liderar com responsabilidade significa garantir protagonismo no futuro digital.
Liderança como força motora da IA responsável
Sem patrocínio executivo, ética em IA se torna ação isolada. Lideranças devem questionar não apenas se a empresa usa IA, mas se usa com responsabilidade e alinhamento a valores institucionais.
Quando o tema tem apoio da alta gestão:
Ética entra em metas, indicadores e contratos;
Times operam com diretrizes claras e respaldo;
Decisões algorítmicas ganham governança e accountability;
A reputação é fortalecida junto ao mercado e reguladores.
Liderar em tempos de IA significa liderar o impacto que a tecnologia gera nas pessoas.
Regulamentação e preparo para o futuro
O AI Act europeu e o PL 2.338/2023 no Brasil consolidam um ambiente regulatório mais exigente. Organizações que se antecipam ganham vantagem. Normas como a ISO 42001 oferecem caminhos práticos para governança de IA com foco em segurança, ética, transparência e controle.
Medidas essenciais incluem:
Inventariar sistemas de IA e classificar riscos;
Criar políticas internas de IA responsável;
Formar comitês multidisciplinares para avaliar riscos;
Integrar governança de IA às agendas ESG;
Promover capacitação contínua sobre IA responsável.
Equilibrar velocidade e responsabilidade
A IA avança rapidamente e seus impactos são profundos. Não basta fazer rápido. É preciso fazer certo. As lições da internet, do big data e das redes sociais mostram os riscos de inovar sem governança. Responsabilidade não reduz velocidade. Ela fortalece resiliência e sustentabilidade.
Empresas que equilibram agilidade e integridade constroem futuro com confiança e solidez.
